Centro velho
Os caminhos que formam labirintos de concreto nos transportam aos primórdios de onde tudo se iniciou, e se estendeu, a imensa metrópole, a maior do país, onde o CEP começa em 01.
Ao caminhar pelo centro velho, é possível imaginar por dentro dos edifícios de ornamentos clássicos, seus elevadores com portas sanfonadas, as escadas que formam infinitos caracóis, os homens trabalho, as máquinas de escrever, datilógrafos. O cotidiano de um passado tal qual distante que entra em contraste com as telas modernas, celulares, vidros espelhados que se espalham por outros cantos da cidade.
O centro resiste.
As bancas de engraxates, os postes luminosos a caráter, os bares boêmios, o verde discreto que só é possível de observar se estiver atento em meio ao mar de pedra, a história, o centro histórico.
Os bondes que um dia foram transporte corriqueiro, hoje é memória suspensa em fotografias, quadros, exposições, lembranças dos mais antigos e nostalgia dos mais jovens que hoje sentem sem terem vivido.
O centro velho tem suas peculiaridades e curiosidades. Um sentimento de melancolia ao se deparar com prédios abandonados, degradados, odor de urina pelos lados, seus transeuntes que já não tem onde morar e se aglomeram em uma região que lhes sobrou para lhe chamar de seu.
O centro é multidão e ao mesmo tempo é solidão. Um lugar que vicia, não só nos entorpecentes consumidos à luz do dia nos seus subúrbios entregues à própria sorte e muitas vezes uma região a não se deixar jamais. É ambiguidade em sentidos diversos. Festivo e deprimente, excesso e vazio, beleza e feiura, prisão e liberdade. E cinza como um todo.
Este é o centro velho sob a modesta perspectiva de quem vos escreve, Fino Gatto, no centro histórico de São Paulo.