Um tímido na balada

por cesargatto

balada

Enquanto tomava banho, pensava no que fazer de diferente desta vez. Na última, faltou coragem para ele ao tentar flertar com uma garota. Uma balada é um lugar propício para talvez encontrar seu par perfeito, mas para uma pessoa tímida, isso é tão difícil quanto apresentar um trabalho para a plateia de uma faculdade.
Saiu do chuveiro e enquanto se arrumava, ligou para encontrar com seu amigo naquela esquina de sempre no horário X.
Então se encontraram e foram conversando durante o caminho até encontrarem aquela única vaga que havia para estacionar.
Desceram do carro e mostraram seus documentos de identidade para o segurança da balada. Entraram.
O ambiente estava escuro, cheio e apertado de tal maneira que tinha que pedir licença para passar. Havia luzes coloridas que iluminavam discretamente o ambiente e enfeitavam toda a parede da balada, que mais se parecia a uma casa.
Encontraram um espaço vazio na pista e começaram a dançar no ritmo daquela música que fazia tremer o chão e no embalo da euforia do dançar das pessoas felizes. O calor humano era intenso.
Passaram-se alguns minutos e seu amigo se dispersou sem dar satisfação.
Pensou que seria difícil tentar conversar com alguma garota naquela pista barulhenta, então resolveu ir comprar uma cerveja.
No caminho até o balcão, naquele canto próximo ao banheiro, viu seu amigo aos beijos e amassos com uma garota como se não houvesse amanhã. Ficou feliz por ele e na torcida daquela garota ter alguma amiga solteira para lhe apresentar. Comprou, então,  uma cerveja e foi fumar um cigarro na área de fumantes.
O espaço era grande e tinha uma quantidade razoável de pessoas conversando. Acendeu seu cigarro e ficou observando o movimento, enquanto dava uns goles na cerveja trincando de tão gelada.
Repentinamente apareceu uma garota andando próximo a ele e ficou parada encostada na parede.
“Parece estar sozinha”, pensou. Então, ficou olhando para ela e pensando em alguma estratégia para puxar conversa, porém, ele gaguejava até no pensamento.
Passaram-se alguns instantes e seus olhares se cruzaram e num curto espaço de tempo, ela soltou um tímido sorriso para ele.
Seu coração começou a bater cada vez mais forte enquanto sua mente ficava em uma eterna indecisão: “vou ou não vou?”
Eis que a indecisão virou decisão e ele foi.
Deu seu primeiro passo enquanto o mundo ao redor ficava em silêncio absoluto e só existia ela pela frente em um caminho que se abriu para somente ele passar. Sentia um avalanche de emoções e pensamentos, tudo misturado dentro de um liquidificador ligado. E a adrenalina do momento aumentava proporcionalmente ao tempo que diminuía a cada passo que ele dava.
Então eles ficaram frente a frente e o mundo congelou até ele soltar a primeira palavra que estava engasgada:
– Oi.