Uma luz para meu pulmão

por cesargatto

Pensei que seria impossível. Pensei que subiria pelas paredes. Pensei que seria o fim da minha companhia em momentos de solidão. Pensei… e pensei… e pensei. E ainda penso. Quem tem ansiedade está aí para pensar, até quando não quer pensar. O que fazer então? Não existe fórmula mágica, mas existe o saber conviver e o saber aliviar. Eu aprendi alguns truques.

Logo quando o galo berra em algum canto do interior, eu me levanto na metrópole sob o berro do despertador. É muito difícil levantar assim de primeira, mas nem tanto de segunda porque logo me lembro da nicotina combinada com um café preto e forte e um pouco de devaneio para completar o ritual. Este fez parte da minha vida por pelo menos quinze anos. É muito prazeroso, convenhamos. Eu gosto de prazer, assim como peixe gosta de água. Mas todo vício tem um preço. O do cigarro é um pouco menos de dez reais, o que é irrisório se compararmos com o estrago que faz no nosso organismo. Tentei parar inúmeras vezes, muitas mesmo. Mas sem sucesso. Até que decidi parar de tentar.

Você consegue perceber o quão forte é esta decisão? Parar de tentar. Parar de tentar. Parar de tentar.
Parar de tentar? Nem pensar!
Quando você para de tentar, você desiste antes mesmo de começar e entra para o clube dos derrotados. Já fui sócio por muitos anos e não quero mais isso para minha vida.

Não foi uma decisão exclusivamente minha, mas com a ajuda de pessoas próximas que torcem por mim, resolvi me dar uma chance. Mais uma vez.
Comecei a fazer academia e um curso no mesmo dia em que larguei o tabaco. Minha solidão agora tem uma companhia saudável.
Não penso mais em voltar a fumar. Sei que é um processo, que é um dia após o outro, que hora ou outra a ansiedade vem com força, mas terei que me controlar e buscar alternativas para saciar a minha vontade e não cair em tentação.
O pulmão agradece.
A saúde agradece.
E principalmente: a vida agradece.